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O Gervásio e a Angelina mantinham união estável, havia quatro anos. Por essas coisas da vida, a relação esfriou. Aproveitando-se que os dois tinham horários profissionais pouco coincidentes, a Angelina resolveu pular a cerca.
Azar dela, foi flagrada e delatada por um amigo de Gervásio. Os companheiros, então, resolveram separar-se e, definitivamente, tocar a vida individualmente.
Coincidência foi que, duas semanas depois, ambos se viram num bailão. Ainda irado com o adultério sofrido, o Gervásio subiu ao palco e pediu ao dono da banda que fizesse um “brake”, porque precisava transmitir um aviso de utilidade pública.
Deu de mão, então, no microfone e, desfilou sua bílis de descornado, com o dedo em riste apontando para a mesa 12: “Senhoras e senhores, peço um minuto de atenção. Quero dizer a vocês que ali se encontra, vestindo blusa amarela e saia jeans, uma tal de Angelina, que hoje comemora seu aniversário. Eu não vim pedir que entoem o ´Parabéns a Você´, mas quero apenas dizer bem alto que...ela é indigna de ser tratada como mulher, porque me traiu”.
Os frequentadores explodiram em vaias, risadas e apupos.
Veio a segurança e retirou Gervásio de cena.
No dia seguinte, num telejornal, a Tv Record registrou o inusitado.
Poucos dias depois, Angelina foi a Juízo, com uma ação dupla por dano moral: contra seu ex e contra a emissora.
A sentença, há poucos dias, deferiu reparação moral de R$ 2 mil para a mulher, ”porque houve uso imoderado e desproporcional do verbo e dos meios de comunicação, de modo que a intimidade, a vida privada e a honra da requerente foram injustamente violadas”.
Contra a emissora de tevê, a ação foi improcedente, porque não houve abuso do direito de liberdade de expressão.
Mas o juiz deixou um recado: “Descabe ao Poder Judiciário sindicar a qualidade de matérias jornalísticas, aferindo se são ou não de bom gosto”...

Fonte: http://www.espacovital.com.br/publicacao-32536-ldquoltigtessa-mulher-me-traiultigtrdquo